Somos intelectuais em busca de uma produção política
legítima para a educação dos surdos, que significa uma política educacional
permeada pelas necessidades e anseios dos alunos; uma política que condiz com
nossa luta, com nossas experiências de vida, com nossos anseios pelos e ao lado
de nossos pares surdos, em busca do direito de as crianças surdas terem, desde
a mais tenra idade, a possibilidade de adquirir a Identidade
Linguística da Comunidade Surda. Arthières (2004) tem razão
quando descreve o pensamento de Foucault sobre a posição do intelectual específico,
“que não expunha um discurso sobre os acontecimentos, mas atravessava
fisicamente cada um deles, e era dessa experiência única que um verdadeiro
diagnóstico podia emergir”.
Acho muito interessante pensar na "possibilidade de
adquirir uma identidade linguística da comunidade surda". Vejo a língua
como um dos grandes responsáveis pelo reconhecimento de identidade. Nós nos
identificamos uns com os outros principalmente pela língua, entre outros
aspectos. A língua carrega cultura, costumes, história, que nos une enquanto
sujeitos que a compartilham.
Os surdos não devem ter simplesmente a
"possibilidade" de terem essa identidade linguística, mas o direito.
Por isso me pergunto: até quando esse DIREITO será privado
aos surdos que não têm acesso a uma educação bilíngue? Até quando as políticas
públicas e educacionais privarão essas pessoas (principalmente as crianças) de
constituírem sua IDENTIDADE?
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