domingo, 5 de agosto de 2018

BREVE REFLEXÃO SOBRE A EJA




Durante as leituras feitas durante o semestre percebemos que os programas da EJA, foram constantemente interrompidos e tiveram propostas que vão desde a erradicação do analfabetismo a continuidade dos estudos. Embora sejam visíveis os esforços para institucionalizar a Educação de Jovens e Adultos no Brasil, percebemos que a mesma ainda é inferiorizada diante das demais modalidades de ensino, já que os alunos em sua maioria são pessoas que estão à margem da sociedade.
De acordo com minha experiencia durante um ano em uma turma da EJA,pude observar que  existem dois grupos que procuram a Educação de Jovens e Adultos. O primeiro grupo é formado por adultos e idosos que viveram em uma época em que o acesso ao ensino era mais restrito, na maioria dos casos, foram crianças e jovens que começaram a trabalhar muito cedo para ajudar no sustento de suas famílias ou ficavam cuidando da casa para os pais trabalharem. O outro grupo é formado por jovens e adultos que abandonaram a escola devido a fatores extraescolares como a pobreza e a necessidade de trabalhar assim como meninas que muito cedo engravidaram e abandonaram a escola, e fatores escolares, ou seja, devido a uma trajetória escolar com muitas reprovações que favorecia a falta de estímulos levando-os a abandonarem a escola. Diante desse quadro, nosso maior desafio era, além de convencê-los a matricularem-se, mantê-los frequentando diariamente as aulas com interesse, alguns depois de um dia cansativo de trabalho. As aulas deviam atender as diversas expectativas trazidas por diferentes públicos.

PAULO FREIRE - EJA

As contribuições de Paulo Freire para a Alfabetização de Jovens e Adultos








Muito bom este trecho do vídeo do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do MEC, no qual especialistas como Emilia Ferreiro, José Eustáquio Romão, Vera Barreto e Vera Masagão comentam como o trabalho de Paulo Freire contribuiu para o desenvolvimento da teoria e da prática da Alfabetização de Jovens e Adultos.
Considero importante compartilhar.

EDUCAR LETRANDO. UM ATO POLÍTICO E LIBERTÁRIO


Trabalho em grupo de Carine Dias Soares, Jaqueline Lemos, Jaqueline Rosa e Luciana Arcos


Educar Letrando. Um ato político e libertário
A psicogênese da escrita trouxe novas reflexões a respeito da alfabetização, já que a partir disso passou-se a reconhecer que cada criança está em um nível de alfabetização e isso nos permite enquanto professores a pensar em estratégias para que esse aluno avance.
Para tanto, faz-se necessário que o trabalho a ser desenvolvido com o educando seja contextualizado, tendo como referencial o protagonismo do aluno diante da sua realidade, e dos elementos intrínsecos ao seu cotidiano enquanto sujeito. É o aluno que vai nos mostrando o caminho que devemos seguir para que a sua alfabetização seja também letramento e assim libertária.
Enquanto professores devemos ter a consciência que educar é um ato político e transformador, logo o objetivo da alfabetização deixa de ser “o aprendizado de técnicas do ler e do escrever, para alfabetização como tomada de consciência, como meio de superação de uma consciência ingênua e conquista de uma consciência crítica” SOARES,2007.
Paulo Freire responde através de uma carta a pergunta: para que alfabetizar? “[...] para que as pessoas que vivem numa cultura que conhece as letras não continuem roubadas de um direito –o de somar à ‘leitura’ que já fazem do mundo a leitura da palavra, que ainda não fazem”.

Se continuarmos desprezando a bagagem de conhecimentos que o aluno traz para a escola, continuaremos pensando que a Educação de Jovens e Adultos é uma extensão da alfabetização dos anos iniciais, e assim continuaremos tratando de forma infantilizada essa modalidade de ensino que tem como alunos adultos com um universo riquíssimo a ser explorado, o que os afastará da escola, deixando de cumprirmos nosso papel, que é político e social.
Segundo Giroux, a alfabetização funcional está ligada a perpetuação de um sistema de adequação da escola ao mercado, mantendo uma relação de opressão da ordem econômica ou da preservação de uma ideologia que mantém uma tradição ocidental unitária.
 Já a alfabetização crítica está vinculada ao empoderamento político, pois foi arquitetada ideologicamente como uma construção histórica, política e social ligada à emancipação social e cultural, não só do indivíduo como do grupo.  Para Paulo Freire este empoderamento é um ato social e político que acaba por refletir na conscientização do indivíduo quanto a sua liberdade.
Dentro do discurso dominante o analfabeto é tratado como uma moeda de troca para a legitimação desta divisão da sociedade entre os que idealizaram a produção e aqueles que efetivamente produzem. E o analfabetismo não é somente a falta do saber ler e escrever, mas também a privação cultural. Paulo Freire nos dirá que o analfabetismo é uma injustiça social e por isso alfabetizar não é somente ensinar a ler e escrever, mas principal e fundamentalmente este é um processo de reflexão crítica sobre o ler e o escrever, sobre o significado da linguagem, e estes saberes tornar-se-ão instrumentos da sua libertação desta injustiça social.
Tendo por base a Pedagogia de Paulo Freire, Giroux ressalta a importância da conscientização do professor e do aluno quanto ao seu papel nesta relação: de troca, de diálogo e de construção conjunta do conhecimento. Freire deixou claro em sua teoria que o diálogo entre professor e aluno é que conduzirá a prática alfabetizadora e que, também, através desta construção que a alfabetização se dá, não como um decodificar da palavra escrita e sim através e a partir da compreensão de mundo, das relações entre o que se aprende e a contextualização com a sua realidade, seja ela expressa no passado, no presente e visando o futuro. Só assim este educando será capaz de “realmente” ser alfabetizado, se tornando sujeito da sua própria alfabetização: um ser pensante, com consciência.
Para Gramsci, a alfabetização pode ser usada para duas situações opostas, uma para o empoderamento do indivíduo e uma outra para continuar a contribuir em uma relação de repressão e dominação, com isso a alfabetização se torna um campo de luta. Em alguns discursos liberal e de direita, como por exemplo, nos Estados Unidos, temos os interesses econômicos se mantendo como uma tradição dominante em que o mais importante é o profissional que apresenta uma certificação.
No entanto precisamos considerar que alfabetizar, não tem relação apenas com a habilidade de saber ler e escrever, mas também com a consciência do indivíduo de saber seu lugar no mundo e se descobrir como participante dele. Conforme é indicado, no Dicionário de Paulo Freire, em que se identifica alguns pontos para a alfabetização (Location Kindle 655-665).
• A alfabetização é um ato de conhecimento, de criação e não de memorização mecânica.
• Os(as) alfabetizandos(as) são sujeitos do e no processo de alfabetização.
• A alfabetização deve partir do universo vocabular, pois deste retiram-se os temas.
• Compreender a cultura enquanto criação humana, pois homens e mulheres podem mudar através de suas ações.
• O diálogo é o caminho norteador da práxis alfabetizadora.
• Leitura e escrita não se dicotomizam, ao contrário, se complementam e, se combinadas, o processo de aprendizagem fará parceria com a riqueza da oralidade dos(as) alfabetizandos(as).

Em uma alfabetização democrática, o alfabetizador dialoga com o alfabetizando de uma forma que o conhecimento seja contextualizado no olhar às situações concretas, que muitas vezes em se biografando é que nós nos reconhecemos como sujeitos no mundo.
Com isso podemos entender que as várias formas de luta mudam no transcorrer da história, se transformam. Sendo assim entender o educando e acolhendo o que trazem, seus saberes e vivências para o ambiente escolar, também é uma forma de atuar. Ao mesmo tempo em que se faz necessário envolver a comunidade escolar de modo que essa se torne atuante nas decisões dos projetos relacionados à escola.


  


Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo; MACEDO, Donald. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. Arquivo Kindle.
STRECK, D. R.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. 2. ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. Arquivo Kindle.
VIEGAS, Ana Cristina Coutinho; DE MORAES, Maria Cecília Sousa. Um convite ao retorno: relevâncias no histórico da EJA no Brasil. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, [S.l.], p. 456-478, apr. 2017. ISSN 1982-5587. Disponível em: <https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/8321/6361>. Acesso em: 08 apr. 2018. doi: https://doi.org/10.21723/riaee.v12.n1.7927.

CONCEITOS E FUNÇÕES DA EJA





A EJA é uma modalidade de ensino com diferenciais tanto na metodologia como na duração e estrutura que se destina a jovens e adultos que por vários motivos não puderam realizar seus estudos na idade certa. É função da EJA, propiciar a estes jovens e adultos oportunidades de ensino que se adequem as suas especificidades tanto educacionais como sociais que tem três funções básicas:

- Função reparadora: visa a restauração dos direitos civis e da cidadania, bem como reparar o direito que foi negado, a uma escola de qualidade, ao acesso a um bem legítimo, social e representativo, a estes jovens e adultos.

- Função equalizadora: visa equilibrar e respeitar a existência da diversidade, garantindo a todos a oportunidade para eliminar estas desigualdades possibilitando a entrada do sistema educacional bem como garantir seus direitos às políticas publicas e o exercício da sua cidadania, pois a educação é direito de todos.

- Função qualificadora: visa a qualificação de vida para todos, onde seus conhecimentos sejam atualizados pela vida toda, potencializando seu desenvolvimento e para isso foi criado um modelo e uma prática pedagógica que incluam as estratégias que valorizem a experiência de vida destes jovens e adultos.

MEMÓRIAS DA TECNOLOGIA NA ESCOLA





Este texto foi realizado em grupo por  Carine Dias, Jaqueline Rosa e Luciana Arcos

Desde o nascimento convivemos com tecnologias, porém a partir do século XX vem se intensificando o uso das tecnologias na sala de aula para atender as necessidades dos alunos contribuindo com o desenvolvimento das suas aprendizagens. Antes disso, por volta de mil novecentos e sessenta houve uma inserção tecnológica nas escolas que nesse período seguiam o Modelo Tecnicista onde o objetivo era ter mão de obra qualificada para o mercado de trabalho que nesse período precisava de pessoas com conhecimentos específicos de acordo com as tecnologias da época, de modo que cabia ao professor apenas aplicar os manuais e ao aluno o papel de receptor de todas as instruções. 

Com muitos dos recursos tecnológicos criados, principalmente a partir da segunda guerra mundial a população passou a ter mais acesso as tecnologias, o que acabou acarretando a transformação das relações socioeconômicas da sociedade. Se analisarmos a trajetória histórica de formação de nosso território brasileiro, temos na década de 40 e 50 uma economia predominantemente rural e a população na sua maioria analfabeta, então um dos recursos utilizados para se erradicar o analfabetismo foi o rádio, necessitando de um monitor e um espaço para conduzir as atividades propostas. Com o Movimento de Educação de Base, na década de 60, temos ações do Governo Federal em conjunto com a Igreja Católica, alguns alunos secundaristas e pessoas das próprias comunidades para a difusão destas ações. 

Na sequência temos a utilização da televisão como meio de difundir o acesso ao conhecimento com objetivo de suprir a lacuna deixada pelo ensino básico para grande parte da população, bem como um instrumento de fortalecimento dos valores e costumes ditando normas e regras sociais. 



Já os computadores, chegaram na década de 70, com o incentivo das universidades e atualmente são instrumentos indispensáveis à população e em todos os setores, propiciando um ambiente de dimensão virtual e com todas as potencialidades, seja da linguagem oral e/ ou escrita. Com o desenvolvimento das tecnologias de informação o sujeito está mais próximo das informações desejadas, em um ambiente mais dinâmico e interativo, podendo ter acesso à chats, fóruns, livros, ou seja, uma gama infinita de informação ao alcance de um clic. 

Ao confrontar nossas linhas de tempo, fica evidente a influência do período histórico no qual cada uma de nós iniciou sua vida escolar, ainda assim foi possível encontrar elementos que persistiram ao tempo e continuam sendo importantes para o nosso processo de aprendizagem enquanto instrumento funcional ou recurso pedagógico. 

Nossas lembranças escolares da infância nos remeteram a tecnologias que otimizavam o processo de aprendizagem, mas não havia por parte do professor a intencionalidade pedagógica por parte do professor. 

Hoje acreditamos que o nosso papel enquanto educadores é oportunizar aos nossos alunos o uso de novas tecnologias na busca de informações e construção do conhecimento, trazendo para a sala de aula recursos que já são utilizados no cotidiano, estimulando-os a pensar, estruturar suas ideias, elaborar hipóteses, satisfazer suas curiosidades e sentir prazer na realização das atividades e na obtenção dos objetivos pretendidos, ou seja há uma intencionalidade pedagógica na utilização de cada recurso tecnológico. 

Frente a esse avanço tecnológico que transforma tanto o nosso cotidiano como a nossa sala de aula, nosso maior desafio é acompanhar o tempo dos nossos alunos que estão anos luz a nossa frente nesse universo tecnológico, bem como ensiná-los a fazer uso de todas essas ferramentas para fins de aprendizagem, pois independente da época e em todos os tempos o mediador é o educador, e a ele cabe a tarefa de apropriar-se das inovações a fim de utilizá-las na promoção e qualificação das situações de aprendizagem. 







Referências Bibliográficas 

BARRETO, R. G. Tecnologia e Educação: trabalho e formação docente. Revista Educação & Sociedade, Campinas, Vol. 25 nº 89, Set/Dez 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v25n89/22617.pdf> Acesso em 16 abr 2018. 

BORGES, Débora R. A Utilização do Rádio no Movimento de Educação de Base em Mato Grosso. 36ª Reunião Nacional da ANPEd, Goiânia, Set/out 2013. Disponível em: <http://www.anped.org.br/sites/default/files/gt02_3222_texto.pdf> Acesso em 16 abr 2018. 

NASCIMENTO, AD., and HETKOWSKI, TM., orgs. 

Educação e contemporaneidade: pesquisas científicas e tecnológicas [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, 400 p. ISBN 978-85-232-0565-2. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/jc8w4/pdf/nascimento-9788523208721-07.pdf> Acesso em 16 abr 2018. 

A história da tecnologia na educação: do quadro de giz à realidade virtual 


Papel e a contribuição social da TV pública 


SOBRE O TEXTO "O MENININHO" DE HELEN BUCKLEY





Lendo o texto: " O Menininho " de Helen Buckley confesso que senti uma tristeza muito grande ao mesmo tempo que comecei a  refletir muito sobre a minha prática pedagógica.  A autora mostra o quanto a escola pode podar o entusiasmo, a criatividade  e o senso crítico e reflexivo das crianças. E tudo isso para manter a disciplina  e a ordem na sala de aula com  tantas crianças.

Ao entrar na escola pela primeira vez a criança depara-se com um mundo completamente novo fora do seu ambiente , chega cheia de curiosidade e expectativas e infelizmente muitas vezes o resultado é frustrante ,o resultado  da vivência na  escola é a acomodação e a aceitação de tudo sem reflexões ou questionamentos, como a autora mostra no texto:
" ... o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. ""...ele não fazia mais as coisas por si próprio ...”  
O menininho cresceu mais um pouco e mudou de escola, mas não sabia mais desenhar, estava condicionado aquela prática da cópia exigida por sua primeira professora  e quando teve a oportunidade de expressar sua criatividade, desenhou uma flor vermelha com o caule verde,  exatamente  como sempre havia desenhado tal qual como a antiga professora havia ensinado e ensinado como correto e  bonito.
Esse texto escrito de forma simples e clara me fez refletir sobre como os primeiros anos da Educação Infantil é importante  para a criança sempre quando  não aconteça  a mesma coisa que aconteceu com o menininho. Devemos desenvolver na criança a capacidade deles observarem, pensarem, serem críticos e criativos.

REFLETINDO SOBRE A AVALIAÇÃO



No meu entendimento , a avaliação deve ser um processo diário de observação de cada criança em especial, onde poderemos através da convivência detectar avanços ou retrocessos no desenvolvimento da criança individualmente e no convívio com o grupo.
 LUCKESI, 2005, p.172, escreveu : "Defino a avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que  a avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo, inclusivo. Para compreender isso, importa distinguir avaliação de julgamento. O julgamento é um ato que distingue o certo do errado, incluindo o  primeiro e excluindo o segundo"
Lendo essa citação reflito sobre as práticas de avaliações que já presenciei em algumas escolas, tanto de meus filhos como nas que trabalhei. Sabemos que a avaliação não deve ser um julgamento separando quem aprende e quem não aprende pois sabemos que todos aprendemos  alguma coisa, sempre. A questão é observar para conhecer cada aluno individualmente com suas especificidades e poder relatar o quanto a aprendizagem nessa criança está desenvolvendo-se adequadamente ou não mas nunca com o intuito de distingui-las nem tampouco excluí-las o que , infelizmente na prática, acontece em algumas escolas. Os que não conseguem aprender aquilo especificamente que está sendo avaliado, é penalizado com uma reprovação , sendo assim excluídos do grupo.
Na Educação Infantil a criança está constantemente evoluindo e nos surpreendendo com novas aprendizagens a cada dia, então faz-se necessário anotar suas evoluções diárias  para acompanhar o seu desenvolvimento. Ao final de cada semestre fazemos um parecer descritivo para entregar as famílias para que estas possam acompanhar os avanços no desenvolvimento  afetivo, motor e cognitivo de seus filhos.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

INOVAÇÃO PEDAGÓGICA






Falar de inovação pedagógica é se referir a ação do professor , a uma nova ação, algo ainda não feito, é uma mudança, mas evidente, intencional e persistente. É a atitude, a maneira com que o professor vai se comportar diante do seu fazer pedagógico colocando-se como mediador e incentivador entre aprendiz e aprendizagem. Como colocar-se diante do seu aluno a fim de apresentar e transmitir seu conteúdo ajudando-o a coletar, relacionar, organizar e manipular informações, sempre com a intenção de melhorar a prática educativa levando-o a compreender a sua realidade na sociedade para ter  condições de mudá-la. A inovação está principalmente nessas ações de interferência, quando vemos o real (cultura) e o transcrevemos para o que pode existir, ou seja, “olhar o antigo com novos olhos”(Cunha, p. 12), em que muitas vezes pode estar aliado a estratégias que sejam arriscadas e até mesmo audaciosas de tentar inovações, para fazer o diferente frente ao nosso aluno.
















VYGOTSKY E A ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL




 Vygotsky  foi um dos primeiros a conceber a ideia que o desenvolvimento intelectual da criança decorre de interações sociais e das condições de vida das mesmas. Sua concepção sobre aprendizado vem da ideia que o homem é um ser social que se forma em contato com a sociedade, se opondo às concepções empiristas que enxergam o homem como produto de estímulos externos e também as teorias inatistas que defendem que o homem já nasce com as características que irá desenvolver durante a vida. Para o autor, o desenvolvimento do homem está intimamente ligado a historia da sociedade, sendo assim, é impossível separar um do outro. Pois, desde que as crianças nascem elas interagem com os adultos, e esses, naturalmente, procuram transmitir a elas a maneira “correta” de se relacionar com a cultura.

O autor acreditava que na mente do aprendiz existe uma “Zona de Desenvolvimento Proximal”, que é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que representa a capacidade  de resolver problemas individualmente, e o nível de desenvolvimento potencial, que é determinado através daquilo que se pode resolver com o auxílio de alguém mais experiente. O desenvolvimento potencial como ainda não foi atingido é sempre uma incerteza. Então, as “boas aprendizagens” são aquelas que proporcionam um maior desenvolvimento. 

Vygotsky considera muito importante o trabalho do educador neste contexto, como impulsionador do desenvolvimento cognitivo do aluno, disponibilizando apoio e recursos para que eles possam aplicar um nível de conhecimento maior do que seria possível sem auxilio.  Na óptica do autor o desenvolvimento da “criança é um processo dialético complexo caracterizado pela periodicidade, desigualdade no desenvolvimento de diferentes funções, metamorfose ou transformação qualitativa de uma forma em outra, embricamento de fatores internos e externos, e processos adaptativos que superam os impedimentos que a criança encontra”.  Fica claro que para o autor o desenvolvimento é um processo que acontece de dentro para fora se opondo as tradicionais concepções que dizem o contrario.

ESCOLAS DEMOCRÁTICAS



A escola é um espaço para o exercício da cidadania o que significa preparar pessoas para a vida em sociedade. Para que isso aconteça, é preciso construir um processo democrático onde a escola deve ser o cenário que reproduz tudo que acontece ao nosso redor no dia a dia.

A ideia de uma escola democrática é que todos participem igualmente para a sua construção através de uma gestão participativa onde todos têm autonomia para decidirem o melhor para o grupo. Hoje sonhamos com esse modelo e já existem muitas escolas que têm o propósito de serem regidas por alunos, professores, pais e comunidade em uma gestão participativa e democrática onde alunos não ficam apenas sentados ouvindo o professor como no filme.

Para Libâneo (2001) a participação é elemento imprescindível para garantir a gestão democrática da escola porque os sujeitos da escola devem estar presentes nas decisões, construções, acompanhamento e avaliação das propostas. 

Devemos ver o aluno como um sujeito importante dentro da escola e que a faz existir, cada um na sua individualidade, sendo sujeito de sua própria história tendo que ser respeitado e valorizado por qualquer gestor que deseje uma escola democrática.

Padilha (2005) destaca que o direito do educando deve ser garantido dentro do planejamento participativo conforme garante o Estatuto da Criança e do Adolescente. “Eles devem ser ouvidos em todos os assuntos que lhes dizem respeito”.

Rubem Alves diz que há escolas que são gaiolas e escolas que são asas. As escolas gaiolas são como a escola do filme, onde os alunos estão aprisionados a um sistema tradicional onde ficam submetidos a ideias retrógradas e sem chances de desenvolver um pensamento crítico e reflexivo, tornando-se uma pessoa sem coragem de ir atrás de novas descobertas. Já as escolas asas respeitam os alunos em suas diferenças induzindo-os ao voo e a liberdade de novas descobertas. As escolas asas são escolas democráticas que oportunizam um ambiente acolhedor e estimulante para o aluno não perder o incentivo e o interesse de querer sempre aprender e assim possam voar sempre atrás de novos conhecimentos


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segunda-feira, 2 de julho de 2018

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UM DESAFIO



Quando nos tornamos professoras, uma das coisas que mais nos causa medo é alfabetizar. São vários os monstros que nos cercam em torno da alfabetização: como alfabetizar? Será que darei conta de tal desafio? Nunca dar aula para turmas de primeiro ano, pois é ali que tudo começa.
Na interdisciplina de linguagem, várias leituras nos mostram o contrário. A alfabetização começa muito antes dos nossos alunos chegarem a escola, começa no momento em que a mãe conta uma história antes de dormir, ou quando a irmã mais velha traz tema de casa, ou então quando temos acesso a qualquer portador de texto, seja um rótulo da lata do Nescau, ou o pacote de massa Isabela, a revista em quadrinhos, o livrinho para colorir, enfim, há uma infinitude de possibilidades de a criança já chegar na escola familiarizada com as letras, palavras e seus significados.
Por que então começarmos pelo ba-be-bi-bo-bu? Vamos usar os rótulos, as embalagens, os nomes dos familiares, dos animais de estimação, vamos alfabetizar a partir do que faz sentido para o aluno.
A partir dos estudos da Consciência Fonológica, descobrimos que antes de apresentar o alfabeto, e até mesmo as vogais, existem uma série de atividades que podemos fazer para que as crianças adquiram habilidades necessárias para compreender as características formais da linguagem.
A alfabetização é o processo de aprendizagem onde se desenvolve a habilidade de ler e escrever, e o letramento desenvolve o uso competente da leitura e da escrita nas práticas sociais.
Sou professora da rede pública de ensino e meus alunos são muitas vezes filhos de pais analfabetos e acredito que para essas crianças, a escola tem um papel ainda maior, visto que muitas vezes somos nós que lhes apresentamos o mundo e lhes abrimos uma janela de possibilidades, pois “quem tem pouco, ou quase nada, merece que a escola lhe abra horizontes” (Emília Ferreiro).
Para que nossos alunos se alfabetizem e sejam letrados, faz-se necessário que além do domínio da escrita e da leitura, eles sejam capazes de fazer uma leitura do mundo que os cerca, cabe a cada um de nós professores e professoras que tem nas mãos muito mais do que o giz, mas a possibilidade de fazer a diferença, apresentar-lhes o mundo e dizê-los que eles são a mudança.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

A HISTÓRIA DA EJA NO BRASIL




A partir da linha de tempo da EJA no Brasil é possível contextualizar historicamente essa modalidade de ensino, de modo a compreender a sua importância social e política na formação de indivíduos que ainda são tidos como um sub grupo social.

Segundo a Declaração de Hamburgo datada de 2007 “ A educação de adultos torna-se mais que um direito: é a chave para o século XXI; é tanto consequência do exercício da cidadania como uma plena participação na sociedade”. (UNESCO, 1997, p.1)

A alfabetização de jovens e adultos é muito mais que a aprendizagem da leitura e da escrita, mas o resgate da cidadania, da autoestima e da autonomia desses indivíduos que ao retornarem para a sala de aula, conquistam o direito ao exercício pleno do seu papel político e social.


1854: Primeira escola noturna, criada para alfabetizar os trabalhadores analfabetos com o objetivo de atender as necessidades da coroa.


1874
: Já existiam 117 escolas.


1887-1897: A educação foi considerada como redentora dos problemas da nação. Houve a expansão da rede escolar, e as “ligas contra o analfabetismo”,


1934: Criação do Plano Nacional de Educação. É dever do Estado o ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória e extensiva para adultos como direito constitucional.


1942: Criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A educação profissional passa a ser vislumbrada como importante veículo para que os cidadãos tenham acesso às conquistas tecnológicas da sociedade. É nesse momento que a qualificação profissional passa a se instituir dentro da EJA. Nesse período aproximadamente 50% da população era analfabeta.


1947: Realização do 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos.


1949: Seminário Interamericano de Educação de Adultos.


1958 a 1964: Foram marcados por ações em que “a educação de adultos era entendida a partir de uma visão das causas do analfabetismo, como uma educação de base. É a educação conscientizadora proposta por Paulo Freire. O trabalho do Centro Popular de Cultura (CPC) criado pela UNE (União Nacional dos Estudantes)


1964: Plano Nacional de alfabetização (PNA)


1965: Cruzada Ação Básica Cristã (ABC), de caráter conservador e semioficial.


1967: O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) e a Cruzada ABC. Movimentos com o fim básico de controle político da população, através da centralização das ações e orientações, supervisão pedagógica e produção de materiais didáticos.


1971: Regulamentado o Ensino Supletivo que tinha a proposta de reposição de escolaridade, o suprimento como aperfeiçoamento, a aprendizagem e qualificação sinalizando para a profissionalização.


1985 :É extinto o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). No seu lugar criada a Fundação EDUCAR, com as mesmas características do MOBRAL, porém sem o suporte financeiro necessário para a sua manutenção.


1990: Extinta a Fundação EDUCAR. E surge o Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC) que dura somente um ano. Neste período ocorre a descentralização política do EJA, que passa a responsabilidade aos municípios.


1996: O artigo 37 da LDB diz que o EJA esta destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade na idade própria.


1997: Surge o Programa de Alfabetização Solidária (PAS)


2003: Foi criado o Programa Brasil Alfabetizado, que propunha a erradicação do analfabetismo e também a inclusão social.




A linha de tempo foi realizada com as colegas Carine Dias, Jaqueline Lemos e Jaqueline Rosa na interdisciplina de Educação de Jovens e Adultos.

SUJEITOS DA EJA




A EJA é uma modalidade de ensino diferente, pois trabalhar com sujeitos diferentes, sujeitos esses que já tem uma apropriação do mundo, mesmo, que ainda não tenha uma apropriação da palavra. 

Posto diante do mundo, o homem estabelece uma relação sujeito - objeto da qual nasce o conhecimento, que ele expressa por uma linguagem. Esta relação é feita também pelo analfabeto, o homem comum. A diferença entre a relação que ele trava neste campo e a nossa é que sua captação do dado objetivo se faz pela via preponderantemente sensível. A nossa, por via preponderantemente reflexiva. Deste modo surge a da primeira captação de compreensão preponderantemente “mágica” da realidade da realidade. Da segunda, uma compreensão preponderantemente critica. (FREIRE, 1983, p. 67)

Nesta linha de pensamento, Freire diz que esse sujeito, especificamente analfabeto, da EJA, , é um ser que já tem sua cultura e não é um objeto a ser moldado pela educação, neste momento  compreendemos que devemos pensar na alfabetização a partir de  um contexto já vivenciado pelos mesmos 

Na escola onde trabalhei por 6 meses com a EJA pude constatar que são jovens e adultos trabalhadores ou não que não iniciaram ou não concluiram os estudos na época certa. São adolescentes que repetiram muitas vezes ficando fora da idade. São adultos mais velhos que não tiveram oportunidade de estudar devido as condições de vida e atraves da oportunidade do estudo buscam aprendizado, querem aprender a ler e escrever assim como adquirir mais conhecimentos do mundo. Desejam se socializarem , fazerem parte do mundo atual onde possam usar  ferramentas  como computadores , celulares, internet. Eles sonham em concluir os estudos para sentirem-se inseridos na sociedade.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

MEMÓRIAS DA TECNOLOGIA NA ESCOLA


Trabalho de Teconologias  em grupo que considero importante postar:

Desde o nascimento convivemos com tecnologias, porém a partir do século XX vem se intensificando o uso das tecnologias na sala de aula para atender as necessidades dos alunos contribuindo com o desenvolvimento das suas aprendizagens. Antes disso, por volta de mil novecentos e sessenta houve uma inserção tecnológica nas escolas que nesse período seguiam o Modelo Tecnicista onde o objetivo era ter mão de obra qualificada para o mercado de trabalho que nesse período precisava de pessoas com conhecimentos específicos de acordo com as tecnologias da época, de modo que cabia ao professor apenas aplicar os manuais e ao aluno o papel de receptor de todas as instruções.

Com muitos dos recursos tecnológicos criados, principalmente a partir da segunda guerra mundial a população passou a ter mais acesso as tecnologias, o que acabou acarretando a transformação das relações socioeconômicas da sociedade. Se analisarmos a trajetória histórica de formação de nosso território brasileiro, temos na década de 40 e 50 uma economia predominantemente rural e a população na sua maioria analfabeta, então um dos recursos utilizados para se erradicar o analfabetismo foi o rádio, necessitando de um monitor e um espaço para conduzir as atividades propostas. Com o Movimento de Educação de Base, na década de 60, temos ações do Governo Federal em conjunto com a Igreja Católica, alguns alunos secundaristas e pessoas das próprias comunidades para a difusão destas ações.

Na sequência temos a utilização da televisão como meio de difundir o acesso ao conhecimento com objetivo de suprir a lacuna deixada pelo ensino básico para grande parte da população, bem como um instrumento de fortalecimento dos valores e costumes ditando normas e regras sociais.

Já os computadores, chegaram na década de 70, com o incentivo das universidades e atualmente são instrumentos indispensáveis à população e em todos os setores, propiciando um ambiente de dimensão virtual e com todas as potencialidades, seja da linguagem oral e/ ou escrita. Com o desenvolvimento das tecnologias de informação o sujeito está mais próximo das informações desejadas, em um ambiente mais dinâmico e interativo, podendo ter acesso à chats, fóruns, livros, ou seja, uma gama infinita de informação ao alcance de um clic.

Ao confrontar nossas linhas de tempo, fica evidente a influência do período histórico no qual cada uma de nós iniciou sua vida escolar, ainda assim foi possível encontrar elementos que persistiram ao tempo e continuam sendo importantes para o nosso processo de aprendizagem enquanto instrumento funcional ou recurso pedagógico.

Nossas lembranças escolares da infância nos remeteram a tecnologias que otimizavam o processo de aprendizagem, mas não havia por parte do professor a intencionalidade pedagógica por parte do professor.

Hoje acreditamos que o nosso papel enquanto educadores é oportunizar aos nossos alunos o uso de novas tecnologias na busca de informações e construção do conhecimento, trazendo para a sala de aula recursos que já são utilizados no cotidiano, estimulando-os a pensar, estruturar suas ideias, elaborar hipóteses, satisfazer suas curiosidades e sentir prazer na realização das atividades e na obtenção dos objetivos pretendidos, ou seja há uma intencionalidade pedagógica na utilização de cada recurso tecnológico.

Frente a esse avanço tecnológico que transforma tanto o nosso cotidiano como a nossa sala de aula, nosso maior desafio é acompanhar o tempo dos nossos alunos que estão anos luz a nossa frente nesse universo tecnológico, bem como ensiná-los a fazer uso de todas essas ferramentas para fins de aprendizagem, pois independente da época e em todos os tempos o mediador é o educador, e a ele cabe a tarefa de apropriar-se das inovações a fim de utilizá-las na promoção e qualificação das situações de aprendizagem.


Carine Dias, Jaqueline Rosa e Luciana Arcos





MODELOS PEDAGÓGICOS, MODELOS EPISTEMOLÓGICOS

Leituras bastante relevantes sobre os modelos de que nos fala o professor Fernando Becker.

Primeiro modelo: Pedagogia Diretiva 

O professor  acredita que o conhecimento pode e deve ser transmitido para o aluno. Ele acredita no mito da transmissão do conhecimento - do conhecimento como forma ou estrutura; não só como conteúdo.

Esta ação do professor é legitimada por uma epistemologia,EMPIRISMO, segundo a qual o sujeito é totalmente determinado pelo mundo, pelo objeto ou pelos meios físico e social. 

O professor ensina e o aluno aprende, somente ele pode produzir algum novo conhecimento no aluno, ele pensa que seu aluno aprende apenas quando ele ensina, não levando em conta sua bagagem anterior  e sua capacidade de construir sua própria aprendizagem.


Segundo modelo:Pedagogia Não Diretiva:


 O professor é um auxiliar do aluno, um facilitador, como diz Carl Rogers. O aluno já nasce trazendo uma bagagem de conhecimento que deverá apenas se desenvolver.
O professor deve interferir o mínimo possível e acredita que o aluno aprende por si mesmo, podendo ele, no máximo, auxiliar a aprendizagem do aluno. A epistemologia que fundamenta essa postura pedagógica é a apriorista.

"Apriorismo" vem de a priori, isto é, aquilo que é posto antes (a bagagem hereditária), como condição do que vem depois.

Essa mesma epistemologia, que concebe o ser humano como dotado de um saber "de nascença", admite também o ser humano desprovido da mesma capacidade ou seja, "deficitário". Mas esse déficit eles acreditam existir entre os miseráveis, os mal nutridos, os pobres, os marginalizados.

O professor é um facilitador da aprendizagem , o aluno traz consigo muitos conhecimentos, mas o professor não pode esquecer o que seria a característica fundamental de sua ação pedagógica: a intervenção no processo de construção da aprendizagem, construção esta que é de seu aluno.


Terceiro modelo: Pedagogia Relacional 


O professor acredita e o aluno só aprenderá alguma coisa, isto é, construirá algum conhecimento novo, se ele agir e problematizar a sua ação. Ação é a prática, seu modo de pensar é a teoria.Engloba o que aprendemos de Piaget sobre sua epistemologia genética e também de Emília Ferreiro e outros educadores sobre o Construtivismo.


Construtivismo - O conhecimento não é dado como algo definitivamente pronto ou terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento.Engloba o que aprendemos de Piaget sobre sua epistemologia genética e também de Emília Ferreiro e outros educadores sobre o Construtivismo.




domingo, 21 de janeiro de 2018

MÉTODO CLINICO EM DUAS FASES



O  método clínico de Piaget é um teste de investigação do pensamento da criança. Através dele podemos observar como a criança percebe o meio e age sobre ele. Podemos observar como ela pensa, como assimila e  organiza as informações para construir o conhecimento.
Fazendo as atividades no período de recuperação e sem alunos,  resolvi procurar um vídeo feito por minha filha Manuela em 2013 quando ela estudava, no qual, ela aplica o método clínico no meu filho Santiago, na época com 6 anos. Observei que ela faz as perguntas um tanto ansiosa pelo resultado das perguntas mas ele sempre responde com convicção dentro do que ele vê e pensa ser o certo. 
Nesse primeiro vídeo, Santiago está no período pré-operatório. 
Nessa fase a criança não tem noção de conservação como podemos ver através do teste, ele afirma que a quantidade de água não é a mesma nos copos diferentes pois não possui a noção de conservação do líquido quando esse é transportado de um copo pequeno para um maior.





Resolvi fazer o mesmo teste com ele , agora com 11 anos, já no período operatório concreto  e podemos ver que ele responde com segurança tendo claramente  a noção de que a quantidade do líquido é a mesma não importando o tamanho do copo.



SETE SABERES ...ERRO E ILUSÃO





Sete Saberes é um livro,  escrito por Edgar Morin, que reúne um conjunto de reflexões com a intenção de servir de ponto de partida para os educadores repensarem a educação no século XXI.
No primeiro capítulo do livro , As cegueiras do conhecimento, o autor   aborda o Erro e a Ilusão e desenvolve os porquês desses erros e ilusões como pertencentes no desenvolvimento do conhecimento, partindo sempre da ideia  de que todo conhecimento comporta o risco do erro e  da ilusão, e que estes estão presentes desde o surgimento do Homo Sapiens.

Achei muito interessante e destaco o parágrafo onde o autor faz uma relação entre o risco de erro com a afetividade quando ele diz que o sentimento (amor,raiva,amizade)podem-nos cegar, e complementa dizendo que no mundo humano, o desenvolvimento da inteligencia é inseparável  da afetividade e nessa estreita relação a capacidade de raciocinar pode ser diminuída ou até mesmo destruída pelo déficit de emoção propiciando ao erro. 
O desejo de ter e/ou incentivar um espaço escolar homogêneo realmente é uma  grande ilusão e  continuamos insistindo assim como insistimos em erros e ilusões sobre determinados conhecimentos visto que sempre levamos em conta como vivemos, opiniões que criamos e nossas vivências. A insistência do erro da cópia e da repetição com a ilusão de que nossos alunos aprendam mais facilmente , é um exemplo. Lamentavelmente somos ainda, professores doutrinados por um sistema tradicional.   
Penso que como professores não somos os detentores de todo saber e comumente  nos deparamos com erros, e estando suscetíveis a eles,  devemos preservar as trocas de informações e o diálogo com nossos alunos promovendo assim uma troca de conhecimentos, pois é certo que aprendemos muito com eles. 

ÉTICA


 Neste semestre um dos temas trabalhados em Filosofia foi a Ética. Depois de ler um texto e ver um vídeo creio que o foco do tema ética  é  o relacionamento interpessoal. Tudo o que pensamos, fazemos e como fazemos, individual e coletivamente reflete na sociedade em que estamos inseridos e infelizmente nossa sociedade  está cada vez mais individualista onde cada um visa seu próprio bem estar e o coletivo cada vez importando menos. E neste cenário creio ser importantíssimo o nosso papel de educador pois   a maioria das crianças  recebe essa formação ética, para viverem em sociedade, apenas na escola.
Eu, como educadora, acredito que posso contribuir na construção dessa sociedade ética, dando exemplo, fazendo aquilo que considero correto para mim e para o próximo, proporcionando aos meus alunos reflexões sobre atitudes que vivenciamos diariamente, auxiliando-os a pensar e analisar tais atitudes como positivas ou negativas  colocando-nos sempre no lugar do outro.





COLOCANDO EM PRÁTICA...

"O roteiro do vídeo sobre a história da Manu,feito e apresentado por nosso grupo na interdisciplina de Étnico Raciais, foi baseado em fatos reais que acontecem na maioria das escolas.  A temática do preconceito ainda muito atual  é necessária de ser discutida.
Embora a famílias e pais sejam conscientes  de suas origens e se reconheçam enquanto negros, pardos, brancos ou indígenas, ainda são necessárias ações que busquem a representatividade desses povos na política, nas mídias e na sociedade para que tenhamos políticas públicas que transformem a segregação social e o preconceito em empoderamento, igualdade e cidadania.
O cabelo crespo, cacheado, armado e volumoso da Manu é a mola que impulsiona cada um de nós a reflexão, debate e mudança de comportamento diante da desigualdade de direitos."
 
Esta apresentação do filme escrita por nosso grupo me faz refletir sobre minha prática com meus alunos. Este ano comecei a trabalhar com crianças de 2 e 3 anos no maternal de uma escola infantil e para aproximar-me melhor das crianças comecei a fazer o horário do salão de beleza que é depois da janta e antes deles irem embora. chegamos na sala e eu começo a fazer penteados para elas irem embora bonitas. No inicio era apenas para estabelecer um contato mais estreito com eles mas depois virou uma rotina que eles adoram e esperam ansiosos por esse momento. Notei como a auto estima de algumas meninas , tão pequenas ainda, melhorou pois não importa a cor ou o cabelo, todas vão maravilhosas para casa a ponto de que as famílias tinham dificuldade de desmanchar os penteados em casa pois as  crianças queriam seguir "lindas " até o outro dia. Este ano seguirei com o horário de Salão. 


DEFICIÊNCIAS E DIFERENÇAS



Neste vídeo Izabel Maior nos dá a entender que as diferenças e diversidades sempre existiram e que a luta dos portadores de deficiência sé , principalmente, pelo respeito às diferenças. Vale a pena assistir e refletir. 
Viemos de uma cultura de desconhecimento do outro não estando sempre dispostas a conhecer aquilo que não é espelho, ou seja, se não é igual a mim, não sei como é. A diferença quase nunca é valorizada e o que tentamos aprender é que não existe uma homogeneidade, nosso pensamento é muito atrasado ao imaginar que somos normais quando somos todos iguais e anormais(patológico) quando algo nos diferencia.
uma questão muito interessante que ela fala é que no momento em que algumas famílias ficam sabendo que terão ou que tiveram um filho com alguma limitação é natural que se assustem, o que não é natural é o profissional que lida com essa situação assuste essas famílias. E isso ainda acontece porque ainda há resistência a mudanças e a mudar de posição insistindo em acreditar que pessoas merecem rótulos. o que não nos damos conta é que esses rótulos geralmente inferioriza quem o carrega e então determinamos escalas de valores para essa pessoa.
Infelizmente essa questão está enraizada nas comunidades no ponto de vista que se são dependentes, não podendo fazer tudo por si mesmo e necessitando de cuidados especiais, será uma pessoa que trará despesas para o país o que é um pensamento equivocado pois essas pessoas merecem políticas públicas que lhes ofereçam saúde , educação, bem estar social, de acesso ao trabalho e a cultura.
Tive uma menina cadeirante de aluna por alguns meses e pude constatar que não é fácil. o acesso a sala de aula até que era fácil através de uma rampa mas era somente isso. o acesso á informatica , a biblioteca e até mesmo ao pátio do recreio era bastante complicado. não havia brinquedos  adaptados na pracinha  e nem um profissional capacitado para assegurar a sua segurança física, mas a escola se dizia capacitada para receber alunos cadeirantes apenas por um rampa de acesso à sala de aula.
Vale a reflexão para uma abertura de nossas mentes.