sábado, 23 de julho de 2016

BRINCAR II

Observar uma criança brincando é algo sensacional  e mágico simplesmente.  Não canso nunca de observa-los em suas brincadeiras tentando imaginar o que cada cabecinha pensa em seu universo particular.  Adorava observar meu filho que hoje tem 9 anos e infelizmente não brinca mais dessa brincadeira que é reproduzir o filme AVATAR no sofá da sala em frente a televisão com vários objetos criados por ele mesmo. 
Há 4 anos atrás eu e ele ficamos sozinhos no final do ano e resolvemos fazer um programa diferente no ultimo dia do ano e decidimos comprar um filme e umas balas e ele escolheu o filme Avatar que pensei que não iria entender e não aguentar por ser um filme longo. Vimos o filme juntos e depois durante 24 horas ele deve ter visto sozinho umas 5 vezes mais o filme de tanto que adorou. Resumindo, ele incorporou o personagem do filme e se transformou, na sua fantasia maravilhosa, em um Avatar e fez do sofá da sala e da escada  o cenário do filme, ele mesmo fez um arco e umas flechas com réguas e peças de jogos, fez uma coroa com fitas que ficavam penduradas e que ele encaixava no encosto do sofá como se fosse o cavalo reproduzindo como era no filme. Essa brincadeira dele durou quase um ano, ele brincava sozinho com o filme ligado e fazia todos os gestos iguais, aprendeu os diálogos e ali ele se transformava no Avatar e entrava para aquele mundo de fantasia, e eu adorava observar, enquanto fingia que estava lendo alguma coisa, sentada em outra cadeira. Naquela brincadeira ele desenvolvia a linguagem, a atenção, a coordenação, os movimentos além da imaginação e da criatividade. Hoje ele já não brinca mais disso, mas com certeza essa brincadeira será eterna pra ele. Hoje ele tem 9 anos, as brincadeiras estão mudando, ele gosta de jogos de tabuleiro,entrou para um grupo de escoteiros, gosta muito de cinema e diz que quer ser diretor de cinema quando crescer . Fico pensando se quem sabe aquela brincadeira não despertou esse desejo e quem sabe se essa brincadeira é que vai leva-lo a ser quem ele quer ser no futuro? Como disse Winnicott, que é através das brincadeiras que se constrói a identidade.

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