Quando nos tornamos professoras,
uma das coisas que mais nos causa medo é alfabetizar. São vários os monstros
que nos cercam em torno da alfabetização: como alfabetizar? Será que darei
conta de tal desafio? Nunca dar aula para turmas de primeiro ano, pois é ali
que tudo começa.
Na interdisciplina de linguagem,
várias leituras nos mostram o contrário. A alfabetização começa muito antes dos
nossos alunos chegarem a escola, começa no momento em que a mãe conta uma
história antes de dormir, ou quando a irmã mais velha traz tema de casa, ou
então quando temos acesso a qualquer portador de texto, seja um rótulo da lata
do Nescau, ou o pacote de massa Isabela, a revista em quadrinhos, o livrinho
para colorir, enfim, há uma infinitude de possibilidades de a criança já chegar
na escola familiarizada com as letras, palavras e seus significados.
Por que então começarmos pelo
ba-be-bi-bo-bu? Vamos usar os rótulos, as embalagens, os nomes dos familiares,
dos animais de estimação, vamos alfabetizar a partir do que faz sentido para o
aluno.
A partir dos estudos da
Consciência Fonológica, descobrimos que antes de apresentar o alfabeto, e até
mesmo as vogais, existem uma série de atividades que podemos fazer para que as
crianças adquiram habilidades necessárias para compreender as características
formais da linguagem.
A alfabetização é o processo de
aprendizagem onde se desenvolve a habilidade de ler e escrever, e o letramento
desenvolve o uso competente da leitura e da escrita nas práticas sociais.
Sou professora da rede pública de
ensino e meus alunos são muitas vezes filhos de pais analfabetos e acredito que
para essas crianças, a escola tem um papel ainda maior, visto que muitas vezes
somos nós que lhes apresentamos o mundo e lhes abrimos uma janela de
possibilidades, pois “quem tem pouco, ou quase nada, merece que a escola lhe
abra horizontes” (Emília Ferreiro).
Para que nossos alunos se
alfabetizem e sejam letrados, faz-se necessário que além do domínio da escrita
e da leitura, eles sejam capazes de fazer uma leitura do mundo que os cerca,
cabe a cada um de nós professores e professoras que tem nas mãos muito mais do
que o giz, mas a possibilidade de fazer a diferença, apresentar-lhes o mundo e
dizê-los que eles são a mudança.
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